Estudo desenvolvido com a colaboração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) investiga a influência da pandemia na logística alimentar de algumas regiões do sul do Brasil.

A ideia central do estudo é avaliar o estado do sistema agroalimentar local diante dos impactos da pandemia de COVID-19, isto é, como está o status do acesso da população aos alimentos, devido às limitações do comércio. Diante desse cenário, organizações internacionais já alertaram sobre o possível agravamento da fome e a dificuldade de escoamento da produção.

Coordenada por Potira Preiss, integrante do Grupo de Estudos em Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural da UFRGS (Gepad) e pesquisadora de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação e Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul (PPGDR/Unisc), a pesquisa está em processo de coleta de dados e ocorre, especialmente, em canais de comercialização curta. Isto é, naqueles em que o agricultor é o próprio comerciante ou existem poucos intermediários até a chegada do produto ao consumidor – como feiras, sistemas de consumo cooperativo e sistemas de entrega domiciliar.

O objetivo do estudo é avaliar os impactos da pandemia no funcionamento de cada canal, entendendo como a COVID-19 gera necessidade de mudanças na comercialização dos produtos. As informações serão obtidas por meio de entrevistas com os responsáveis por esses canais, realizadas por telefone ou WhatsApp. Além disso, o grupo de pesquisa disponibilizou um formulário virtual no Google Forms para coletar dados adicionais.

Iniciada há cerca de um mês, a pesquisa já revela algumas recorrências, como o fato de que a maioria das feiras continua acontecendo, com medidas de segurança e redução de movimento, o que diminui também a renda dos agricultores. Por outro lado, estabelecimentos com serviços de entrega domiciliar ou pontos de retirada, como coletivos de consumo organizado, apresentam um crescimento importante na demanda.

Potira aponta que o perfil predominante no Brasil é de uma agricultura familiar envelhecida, cujos agricultores residem em áreas remotas, em situação de precariedade e pobreza, além de apresentarem baixa escolaridade. Portanto, ainda que esses agricultores familiares sejam responsáveis por mais de 70% do alimento que chega à mesa da população, recebem pouca atenção das políticas públicas que, cada vez mais, priorizam a produção de commodities para a exportação, um cenário agravado pela COVID-19.

Para ler todas as percepções iniciais e caminhos do estudo, acesse a matéria aqui.

Fonte: ASBRAN

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