Durante a pandemia pelo novo coronavírus, o desperdício de alimentos ganha novas e preocupantes nuances e significados em todo o mundo.

Leite jogado fora em Winconsin, ovos esmagados na Nigéria, uvas apodrecendo na Índia, porcos enterrados em Minnesota. São cenário bastante perturbadores que geram indignação por todo o mundo e trazem consigo dados ainda mais surpreendentes. O desperdício de alimentos pode não estar acima do normal, já que 30% da produção global acaba, com ou sem pandemia, em aterros sanitários.

A diferença, porém, é que, ao invés de serem descartados por consumidores, como é o caminho normal do desperdício de alimentos, uma quantidade sem precedentes é desperdiçada antes mesmo de chegar aos supermercados. E a culpa disso recai sobre o caos instaurado nas cadeias de suprimentos. Isso porque, a nível global, a produção é processada por um método chamado just in time.

Assim, a produção das fazendas pode ser transportada para lojas ou restaurantes em poucos dias, enquanto a próxima carga de produtos agrícolas e gado pode estar no lugar destinado imediatamente. Quando essas cadeias enfrentam desafios – como fechamento de portos, falta de mão de obra, paralisações de estabelecimentos compradores e lentidão do comércio – a formação de um gigantesco estoque acontece muito rapidamente, de produtos que nunca chegarão às gôndolas dos supermercados.

Isso provavelmente causará impactos arrasadores para a segurança alimentar do mundo. Os preços poderiam subir ainda mais, uma vez que milhões de pessoas já se encontram em profunda dificuldade financeira devido à COVID-19. “As pessoas que mal conseguem se alimentar agora enfrentarão ainda mais problemas”, disse Marc Bellemare, coeditor do American Journal of Agricultural Economics. “O que me preocupa é o bem-estar humano.”

Antes da pandemia, cerca de US$ 1 trilhão em produção de alimentos acaba sendo desperdiçada. A maior parte disso vinha de lixo doméstico, cerca de 40% só dos EUA. Agora, já que as pessoas seguem a orientação de ir menos aos supermercados e estão mais cuidadosas com os preços, o desperdício nas casas deve diminuir, o que pode servir de compensação a outras perdas.

Analistas apontam que o desperdício total ainda pode ser potencialmente maior este ano, contudo, nenhum dele certifica que a estimativa se materializará. Consumidores passam a escolher produtos de validade mais extensa, preparam listas de compra para reduzir o tempo no supermercado e se tornam mais conscientes sobre hábitos culinários. O reflexo disso já é observado em um pesquisa conduzida no Reino Unido, que mostra que quase 50% dos entrevistados alega ter reduzido o desperdício de alimentos, resta a nós fazer o mesmo.

 Fonte: New Trade

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